Estava hoje embrenhado nas minhas cogitações e devaneios, que versavam
mais uma vez as memórias do passado, que me inundam docemente, quando tocou o
telemóvel.
Para meu deleite tratava-se de um grande amigo cujos anos não ofuscaram
nem escureceram a amizade.
Ocasionalmente nas visitas à aldeia procuro rever esse e outros amigos
que partilharam comigo a infância, em todas as suas vertentes da amizade: nas
travessuras partilhadas, nos momentos que passávamos juntos, procurando uma felicidade
pura, sem nada pedir em troca.
As brincadeiras surgiam do nada, qualquer ocasião ou encontro serviam de
pretexto para a partilha de experiências, brincadeiras ou tão só para conversar
e namorar.
Nessa altura tínhamos tempo para crescer fortes e saudáveis, correndo,
saltando, divertindo-nos na rua ou nos campos, sem receio de esfolar os
joelhos. A vida na aldeia era o nosso mundo, um ninho de proteção, onde todos
eram um pouco nossos pais.
Não existiam as “jaulas” protetoras a que hoje sujeitamos os nossos
filhos, em parte compreensivelmente, perante o selvático mundo que habitamos,
onde os perigos espreitam a cada esquina.
Como disse
foi prazeroso receber a visita do amigo Paulo Jorge (ainda que por pouco tempo –
o possível), um amigo cujo tempo e a falta de disponibilidade, nunca resgatou apenas
para si.
A distância
ou as vidas ainda que afastem as pessoas não enfraquecem os laços da verdadeira
amizade, pois aquando dos reencontros, as palavras fluem como se diariamente privássemos
com essas amizades, sentindo-nos inundados por uma alegria que contagia.
O amigo, está
presente quando pode estar, mas acima de tudo apoia quando mais se necessita,
critica, observa e acima de tudo está presente.
Não está
apenas ali nos momentos de felicidade, quando o sol irradia, faz-se presente
quando o céu se torna tempestade e flagela a vida do amigo.
As amizades
podem ser eternas, tenho nesta amizade esse exemplo, um amigo que caminhou
comigo numa etapa da vida desde a infância, até à conclusão da escola
secundária, altura em que os caminhos nos levaram a outros horizontes.
Não se pede
muito duma amizade, apenas que seja pura e o sorriso translúcido e sincero.
Isso basta
para forçar a acendalha a expandir-se explodindo, acalorando a alma, rasgando
sorrisos … alimentando sentimentos.
A porta da
amizade está aberta …
João Salvador – 26/01/2014
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