(Foto da autoria de Maria da Conceição)
Tempos idos …
Que dizer desta foto?
Tempos de felicidade em que os sorrisos
estampados nos rostos familiares eram um tesouro bem precioso, apesar das
adversidades vividas, espelhadas no rosto daquela mãe coragem retratada na foto.
Rosto sofrido mas determinado…
Vivia-se harmoniosamente estes pequenos
momentos, apreciando-se as videiras que polvilhavam as "latadas",
ornamentadas pelas uvas bastardas ou morangueiras.
Debicavam-se e saboreavam-se prazerosamente
estes prémios celestiais com que a natureza premeia o ser humano.
Banhavam-se os filhos da "Tia
Clara" no rio que corria límpido e transparente, lavando as almas
inocentes daquelas crianças que sonhavam com um futuro promissor.
Bebia-se a água nas "águas
férreas", cujas cores acastanhadas dos vestígios ferrosos
depositados no leito do rio, libertados pela própria terra, lhes davam um sabor
ainda que não desagradável um pouco diferente.
Corria-se pelas ladeiras e calços
cultivados pelas mãos calejadas da tia Clara e dos filhos, onde o batatal lhe
enchia o olhar de orgulho, pois com elas alimentaria seus filhos.
Nesses calços predominava a oliveira que
se levantava senhoril, fazendo sombra as mais belas árvores nativas,
rivalizando em esplendor com o carvalho e o negrilho. Era dali que se extraia o
azeite, com o qual se lambuzavam os filhos da moleira.
Nesse saudoso dia cujas memórias agora
resgato, percorreram-se os trilhos dos pescadores desportivos, dos moleiros e
das terras mais próximas.
Sentiu-se o cheiro expelido pelas plantas
silvestres, apreciando-se a beleza de cada uma, sentiu-se a terra húmida nas
mãos, admiraram-se os pássaros que por ali esvoaçavam.
Foi um deleite principalmente para a neta
da tia clara, que frequentemente ria alegremente, contagiando toda a família.
João Salvador – 12/07/2013
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