Na imensidão da alegria festivaleira, surgem
rostos transfigurados, deambulando perante uma multidão errante, qual almas
penadas, sem rumo … sem destino!
Mentes manipuladas sabiamente por
usurpadoras de corações que usam a sedução do seu corpo para transformar as
almas em bonecos de trapos esfarrapados, sem um pingo de sentimento, cujas
ordens acatam prontamente. Cumprem religiosamente o que lhes é exigido através
de um sorriso malévolo.
O olhar de tais homens torna-se
inexpressivo, inexistente, opaco, escuro como o breu, tornam-se automatizados …
robotizados, meros corpos andantes sem sonhos!
Almas contagiadas pelas mentes perversas de
mulheres esganiçadas, nada esbeltas, mas dotadas de um poder manipulatório
estonteante, alarmante e perigoso, causando tais habilidades inveja ao próprio
belzebu.
É angustiante ver homens outrora cheios de
valores, bondosos, honestos, dialogantes se transformem agora em seres mudos,
sem vida, em nada …
Essas almas cujos laços os uniam ao amor
familiar, amigos, e a todos que o respeitavam e amavam, perderam-se na
imensidão de um mar de maldade, criado por um ser diabólico que agora atormenta
as almas que controla!
Dali já nada brota, os canteiros com túlipas
plantadas pelo amor de quem venerava tais almas murcharam, morreram de dor,
perante a indiferença, o desprezo, a angústia … uma realidade que enjoa quem
presencia tal quadro cujas pinceladas ditaram o destino de seres outrora
pensantes.
Essas almas foram de tal forma enclausuradas
nas garras de uma ave maliciosa, que sobrevou a sua presa como um necrófago,
cuja alma pertence diabo, tendo perdido o contacto com a realidade!
Que salvação tem uma alma atormentada por
sonhos obscuros, ladeado por pantanosos pensamentos, errante pelas trevas que o
aprisionam em si? Existe uma solução dolorosamente penosa. Deixar que rume até
à sua própria perdição, caindo no abismo da sua mente atormentada até ao ponto
que separa o amor da desilusão da loucura e resgata-lo ainda que recolhendo os
cacos do seu coração esfarrapado em fiapos muito pequenos, espoliado do
amor-próprio e dos bens de que foi aliviado pela diabólica mulher que o sugou
até ao osso, trazendo-o de volta à vida.
Tal consegue-se possivelmente através da
compreensão, do amor incondicional de quem tudo perdoa, até o desprezo
silencioso – ainda que não voluntário, que corta o coração de quem o sente,
numa angústia dilacerante, maltratado pela alma resgatada que procura trazer
novamente à realidade.
Os embriões dos sentimentos foram cortados
não à nascença, não pelas mãos da parteira mas pelas mãos impuras de uma
rameira esquelética sugadora de sonhos, destruidora de vidas que se alimenta da
ignorância, da fraqueza da carne das almas perdidas!
O amor deve ser puro, consentido, carinhoso,
compreensivo, partilhado, sentido na alma e no coração, não é interesseiro …
vivido nos corações onde de onde jorra um amor cristalino, translúcido como as
águas dos riachos das montanhas ainda puras. Se o não for é puro veneno que
contagiará a alma e a mente e matará quem sente!
João
Salvador – 10/08/2014
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