(Recolha de amoras silvestres - Aquando do passeio "Trilho dos Moinhos" em Sanfins)
Na busca pelas minhas memórias, regressei aos caminhos agrícolas, que
me levavam aos terrenos da família como é o caso do moinho e ao vale de corças,
este último ainda cultivado pelo meu primo (a quem agradeço de coração – já que
é o único legado que me liga ao meu berço, além das amizades que ainda tenho na
aldeia), já que a distância me impede de o fazer.
Era por esses caminhos poeirentos de verão mas toleráveis na
primavera, que buscava as amoras silvestres que prazeirosamente e cuidadosamente recolhia, deleitando-me de imediato com algumas delas.
Tratava de fazer várias “camboeiras” (amoras acondicionadas numa palha) para conseguir transportar o
maior número possível de amoras silvestres para casa.
Utilizava frequentemente ervas altas e já secas que colhia nas
bermas dos caminhos, removendo os pequenos filamentos envoltos na “palhinha” já
preparada, para conseguir furar as amoras e acondiciona-las.
Quando chegava a casa logo tratava de as lavar e colocar numa malga.
Se a vida o permitia e podia, banhava-as com iogurte.
Depois meus amigos … toca
a comer as amoras colhidas nos caminhos da aldeia …
Quem não tem saudades de comer amoras colhidas directamente das
silvas que enfeitam diabólicas (uma dor de cabeça para o agricultor) mas belas as terras da aldeia, ainda que
polvilhadas com poeira?
Quando se é criança quem se preocupa com o pó? Ninguém acho eu! Naqueles
tempos dava-se mais importância as pequenas coisas da vida como a apanha de
amoras, deleite que agora de adultos pode parecer a muitos, ridículo!
Dai muita gente estar vivo (sonambulando pelas páginas da vida que corre desalmada e rápida) mas morto na vida!
Dai muita gente estar vivo (sonambulando pelas páginas da vida que corre desalmada e rápida) mas morto na vida!
Sinto agora uma necessidade descomunal de rever os pequenos prazeres
aldeãos que me chicoteiam com prazer e que saboreio intensamente na memória.
João Salvador – 02/01/2013
Olá,
ResponderEliminarAdorei a descrição da "terra" com os seus sabores desconhecidos pela canalha da cidade.
cmps
leonor moreira