terça-feira, 9 de julho de 2013

Crónica – São Pedro 2013

Mais uma vez e como já nos vêm habituando a Amizade UCD Sanfins organizou no dia 29 de Junho de 2013, mais um evento que visava acima de tudo festejar a amizade e o cultivo das relações interpessoais entre as várias gerações das gentes de Sanfins. 


Foi com agrado e muita satisfação que tive o prazer de comparecer no evento organizado pela associação a quem agradeço imensamente a realização destes convívios que estreitam relações e encurtam distâncias. 

Foi com deleite que degustei as sardinhas assadas primorosamente pelos mestres da culinária. Além da sardinha foi o repasto acompanhado por salada; carnes e naturalmente que não podia faltar o caldo verde com uma rodela de chouriço, terminando com uma salada de fruta. 



Nada se consegue sem esforço naturalmente, mas nunca é demais agradecer a disponibilidade necessária para a cozinha e para todos os preparativos que culminou nesta festa de São Pedro, seguida de fado e música popular portuguesa, cuja voz foi emprestada pelo Sr. José, ao qual faço desde já uma vénia. Adorei os fados, cantados com alma, enchendo-nos o peito de emoção!

No decorrer da noite fui colocando a conversa em dia, com os amigos que vejo apenas ocasionalmente quando a vida o permite e aproveitei para reencontrar “velhos” e bons amigos, com os quais não privava já à alguns anos. 



Nestas ocasiões procura-se actualizações sobre as notícias da terra e das pessoas que nela habitam, bem como dos filhos que se encontram emigrados ou migrados noutros locais. Uma das situações que mais me agradou foi conhecer ou reencontrar as novas gerações, trocando com estas ideias e pensamentos. Uma salutar troca de conhecimentos; de vivências ou de experiências é sempre enriquecedor. Passei algumas horas (ainda que poucas infelizmente) em amena “cavaqueira” com os amigos de longa data (sim porque o tempo passa mas quando os reencontramos é como se nunca nos tivéssemos separado). 

Não podia deixar de ressalvar o puro filho da terra por quem tenho uma especial estima, não só pela pureza do seu coração mas pela sua humildade; simplicidade e pelo seu modo de ser. O Virgílio é e será sempre um filho da terra acarinhado por todos (pelo menos na minha óptica assim deveria ser). Vive este meu amigo à longos anos na aldeia, olhando o raiar do sol através dos seu olhos límpidos, maravilhando-se com a simplicidade do seu horizonte de vida, sempre com um brilho no olhar.


Uma gratificação encheu-me a alma, inebriou-me o sentir … ver os velhos mas novos amigos, cujo tempo por mais que teime não tragará e que de uma forma ou de outra fazem parte do meu viver!

A associação é um elo de ligação entre a terra-mãe e os seus filhos espalhados pela nossa pátria e pelo mundo, agora facilitado pelas novas tecnologias que permitem um contacto mais próximo entre todos. Tal permite a divulgação destes eventos e do rumar dos filhos da terra ao seu berço para se “inebriarem” de sentimento sempre que ali buscam as memórias das suas vidas passadas e dos seus antepassados. 

Continuando as minhas divagações …

Após o repasto e conforme já havia aflorado, seguiu-se o momento musical. O Sr. José acompanhado pela guitarra e pela sua voz firme; harmoniosa e surpreendentemente bem afinada, cantou várias canções populares portuguesas e … fado! Adorei as letras e a intensidade das mesmas. O Fado é o nosso destino … é tocante, triste, choroso, mas delicioso de ouvir. Procurei juntamente com o Luís Cavaleiro acompanhar as letras divinalmente cantadas pelo Sr. José. Ainda que tenha desafinado o importante foi o prazer que tive em cantar e sentir as letras do fado. 



Muitas vezes é através da música que o sentimento flui, dando-nos uma sensação de prazer que contagia. Um prazer verdadeiro e nada encenado … A alma vive intensamente os acordes da guitarra que penetram através dos nossos ouvidos percorrendo todo o nosso ser, tornando-nos ainda mais saudosistas, mergulhando-nos numa doce melancolia adocicada pela presença das gentes da nossa terra. 

Tudo serviu para fomentar o evento e nada como um pezinho de dança para acalorar a noite na companhia das senhoras que não se fizeram rogadas. Admiro as anciãs que foram mais expeditas e energéticas do que muitos de nós. Gostei de ver aquele ânsia de se divertirem; de viver na pureza do convívio entre as pessoas que ali se divertiam, dançavam ou conversavam alegremente!


Nos olhos senti uma torrente de lágrimas contidas de alegria pelo momento vivido, que teimavam em abandonar-me a alma, mas que retive.

A saudade é também um pouco isso senti-la quando se está presente junto de quem privamos, seja no seio da família ou dos amigos … Saudade é um sentimento amargo e doce, triste mas belo, dependendo daquilo que sentimentos em cada momento e por cada um!

A amizade não se agradece … sente-se! No entanto deixo umas palavras de apreço e enorme estima a todos aqueles que estiveram presentes; aqueles que não estiveram presentes por motivos vários e a todos os naturais ou descendentes da aldeia. 

O carinho que senti dos muitos rostos presentes, recarregou as minhas baterias para regressar a vida quotidiana e rotineira que é a selva de valores perdidos que hoje polvilham as mentes, mas que felizmente esbati nesse evento rodeado de pessoas com valores morais ainda bem vincados e verdadeiros. Valores que se encontram felizmente e ainda com muita frequência nas aldeias e em muitas almas humanas que habitam nos seus nichos. 

A todos os impulsionadores da Amizade UCD de Sanfins, que a coragem nunca vos abandone apesar das adversidades e que continuem a abraçar este projeto com afinco e amor, permitindo aqueles como eu matar as saudades da sua terra-mãe!

Um grande bem-haja!



João Salvador - 04/07/2013




Ficam aqui algumas fotos do evento (algumas das quais da autoria do Paulo Alves):

 



























3 comentários:

  1. Sempre ver pessoas e familiares da nossa terra e dos nossos pais a manterem vivos os laços de amizade que nos unem, perto ou longe, mas sempre presentes. Parabéns a todos e em especial ao meu primo Paulo por estas iniciativas.
    Um abraço. Délio.

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  2. Obrigada por, mais uma vez, partilhares as vivências e as recordações. Enquanto lia, sentia dentro de mim a transmissão do teu sentir. Até em relação ao Virgílio, com quem pouco convivi, estava a iniciar a leitura do parágrafo e a imaginar que era a ele que te referias. Ainda bem que consegues ir, de aindo em vez "carregar as tuas baterias". Soube do convívio, tive vontade de ir... A vida e a família mais próxima estão aqui e prendem-me. Veremos se é neste verão que vou rever família e amigos. Com as tuas palavras e com as fotografias mitiguei a saudade.
    Um beijinho para ti e para os teus.
    Emília Cavaleiro Conceição

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  3. É com prazer prezados amigos que escrevo sobre a nossa aldeia. Trata-se de uma forma de apaziguar as saudades. Ademais sempre posso reviver os momentos através da escrita das crónicas e das fotos publicadas.
    O mérito esse é todo de pessoas que com esforço dão continuidade a este projecto, agradecendo ao Paulo Alves e a todos os que colaboram nestes eventos.
    A todos o meu obrigado!

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