sábado, 8 de novembro de 2014

Almas errantes


Na imensidão da alegria festivaleira, surgem rostos transfigurados, deambulando perante uma multidão errante, qual almas penadas, sem rumo … sem destino!

Mentes manipuladas sabiamente por usurpadoras de corações que usam a sedução do seu corpo para transformar as almas em bonecos de trapos esfarrapados, sem um pingo de sentimento, cujas ordens acatam prontamente. Cumprem religiosamente o que lhes é exigido através de um sorriso malévolo.

O olhar de tais homens torna-se inexpressivo, inexistente, opaco, escuro como o breu, tornam-se automatizados … robotizados, meros corpos andantes sem sonhos!

Almas contagiadas pelas mentes perversas de mulheres esganiçadas, nada esbeltas, mas dotadas de um poder manipulatório estonteante, alarmante e perigoso, causando tais habilidades inveja ao próprio belzebu.

É angustiante ver homens outrora cheios de valores, bondosos, honestos, dialogantes se transformem agora em seres mudos, sem vida, em nada …

Essas almas cujos laços os uniam ao amor familiar, amigos, e a todos que o respeitavam e amavam, perderam-se na imensidão de um mar de maldade, criado por um ser diabólico que agora atormenta as almas que controla!

Dali já nada brota, os canteiros com túlipas plantadas pelo amor de quem venerava tais almas murcharam, morreram de dor, perante a indiferença, o desprezo, a angústia … uma realidade que enjoa quem presencia tal quadro cujas pinceladas ditaram o destino de seres outrora pensantes.

Essas almas foram de tal forma enclausuradas nas garras de uma ave maliciosa, que sobrevou a sua presa como um necrófago, cuja alma pertence diabo, tendo perdido o contacto com a realidade!

Que salvação tem uma alma atormentada por sonhos obscuros, ladeado por pantanosos pensamentos, errante pelas trevas que o aprisionam em si? Existe uma solução dolorosamente penosa. Deixar que rume até à sua própria perdição, caindo no abismo da sua mente atormentada até ao ponto que separa o amor da desilusão da loucura e resgata-lo ainda que recolhendo os cacos do seu coração esfarrapado em fiapos muito pequenos, espoliado do amor-próprio e dos bens de que foi aliviado pela diabólica mulher que o sugou até ao osso, trazendo-o de volta à vida.

Tal consegue-se possivelmente através da compreensão, do amor incondicional de quem tudo perdoa, até o desprezo silencioso – ainda que não voluntário, que corta o coração de quem o sente, numa angústia dilacerante, maltratado pela alma resgatada que procura trazer novamente à realidade.

Os embriões dos sentimentos foram cortados não à nascença, não pelas mãos da parteira mas pelas mãos impuras de uma rameira esquelética sugadora de sonhos, destruidora de vidas que se alimenta da ignorância, da fraqueza da carne das almas perdidas!

O amor deve ser puro, consentido, carinhoso, compreensivo, partilhado, sentido na alma e no coração, não é interesseiro … vivido nos corações onde de onde jorra um amor cristalino, translúcido como as águas dos riachos das montanhas ainda puras. Se o não for é puro veneno que contagiará a alma e a mente e matará quem sente!


João Salvador – 10/08/2014

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