O regresso é sempre
apreciado por aqueles que na Páscoa rumam aos seus locais de origem, para
reviver as memórias encerradas nos corações, que agora afloram novamente com
vontade de matar o saudosismo!
Olhar as gentes,
principalmente os anciãos, que aguardam ansiosamente pela visita dos familiares
e amigos, para os poderem abraçar, acarinhar, beijar!
Se alguns sorriem,
outros choram perante a ausência dos filhos, que por motivos justificáveis não
podem visitar os progenitores. Temos aqueles que podendo não o fazem, são
filhos fantasmas, de coração endurecido, cujo sustento reside na busca
desenfreada pelos bens materiais, abandonando aqueles que lhes deram vida e que
apesar de tudo ainda os amam.
As lágrimas
cristalinas de uns, são coros de trevas noutros, de tristeza visceral, de dor
insuportável, que os ceifa à vida já de si frágil.
Que cães são estes,
que até os canídeos desprestigiam. Seres abomináveis que desprezam os pais, os
tios, os amigos, todos … olham apenas para eles próprios. Aliás olham para
nada, são umas bestas quadradas uns filhos de uma mãe pura que foi conspurcada
por seres horrendos nos quais se tornaram.
Os lares vivem
proliferando de maravilhosos seres, abandonados por muitos, mas amados por
outros. Não sendo nossos pais, são nossos conhecidos, nossos irmãos na terra,
seres que merecem o nosso carinho, o nosso amor! E tão radioso que é ver aqueles
sorrisos enrugados, até babados, desses bebés crescidos, que vivem dependentes
daqueles que os tratam.
Como me choca a
postura de todos os energúmenos, insensatos, insanos, demoníacos, seres
queimados nas inteligências que já povoaram, mas que ali já nada têm, ruminando
pelo mundo olhando apenas para a frente, mais burros que os burros, sim pois
nada mais são que isso seres se duas patas transformadas em quatro – bestas quadradas,
sem valores, inócuos, vazios, vivem de expedientes de cobardia, espoliando os
bens de quem deveriam amar!
Mas o mundo de “merda”
em que vivemos pode ser mais belo, desde que cada um faça do seu mundo um mundo
aprazível, onde todos aqueles que o visitam desejam também habitá-lo, ou de criar
também um mundo onde o amor prevalece.
O bem que me soube o
abraço daquele velho tio, tão jovem de espírito, que vive sobrevivendo, com a
perda da sua amada. Sim eram puros esses sentimentos, mesmo em idades tão
avançadas, viveram harmoniosamente, com as suas manias, até que a morte ceifou
aquela que ele amava.
Admiro-o, sou tão
pequeno … como gostaria de ter esta força. Mesmo agora, não a tenho. Os tempos
idos talvez fossem mais puros, mais revigorantes.
Agora o ar é mais rarefeito,
mais pesado, mais irrespirável …
Dirão que foi só um
abraço de um sobrinho a um tio. Não! Estão enganados, é mais que isso é um amor
familiar, algo que aprendo a apreciar desde catraio, desde o tempo em que comecei
a ter consciência do que me rodeava e de quão valiosos são esses sentimentos para a formação humana.
Experimentem abraçar
os vossos pais, olhar nos olhos, dizer o que sentem, acarinhar as suas rugas,
serem agora os pais de quem foi vosso pai … é o mínimo que vos é exigível.
Tratem deles, tratem de vós, das vossas almas, da vossa própria salvação. Não
perante Deus, mas principalmente perante vós próprios.
João Salvador – 26/03/2016
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