domingo, 26 de agosto de 2012

Crónica da vida e morte do João Moleiro - A cadela laica


III – A cadela laica


Lá seguia o moleiro, sempre acompanhado pela sua fiel cadela a laica. Era tão senhoril e bela a cadela. Tinha pelo liso, abundante, cor de mel com farpas brancas. Muito meiga e companheira da família, acompanhando as lides, brincando amigavelmente com os filhos do moleiro.
A cadela fora-lhe dada pelo Zé, reputado labrador da freguesia. Era fruto de uma ninhada bastante numerosa. 
A cadela, teve um destino bem mais agradável que os irmãos, que infelizmente, porque ninguém os quis foram afogados no rio – um fim triste para tão belos animais, mas era frequente isto acontecer com as ninhadas. 
Felizmente que a Laica teve sorte em ser escolhida pelo moleiro. Tinha uma vida pacata, comendo os restos que lhe eram dados ou caçando coelhos pelos matos e pinhais que por ali proliferavam, trazendo ocasionalmente peças de caça para casa que partilhava com os donos.
A cara se satisfação na casa, os sorrisos rasgados, bem não era todos os dias que comiam coelho do monte. Era diferente dos coelhos que tinham na coelheira, bem mais saboroso! 

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