Era noite de consoada, encontrando-se a
família reunida para a ceia. A filha mais velha havia ido buscar à fonte, um
cântaro de água cristalina, para utilizar nas lavagens de louça e para beberem.
A mesa era composta de algumas rabanadas e a ceia era um prato de batatas com
grelos e um bocado de carne de porco, bem regada por azeite.
A ceia passou-se em amena conversa,
falando-se sobre as lidas da vida diária e das suas dificuldades.
- Sabes mulher, este surgimento de moagens
está a tirar-nos fregueses.
- Ultimamente temos perdido alguns – dizia a
mulher ao mesmo tempo que levava o púcaro à boca para beber um trago de água.
- Cada vez me preocupo mais com o futuro. O
moinho já não dá o lucro que dava antigamente. O que vai valendo é os terrenos,
onde tiramos alguma coisa para comer e os animais. Temos as hortas de onde
tiramos as cebolas; couves; feijão; cenouras e outros produtos; as oliveiras; a
vinha morangueira e os animais. Havemos de viver com o que temos …
- Tens razão – dizia a mulher
- Por falar nisso para a semana vou matar o
porco. Está bem cevado e vai dar muita carne; bons presuntos e fumeiro. Este
ano a porca pariu vários leitões e podemos sempre vender alguns e guardar um ou
dois para cevar para o próximo ano.
- Olha no ano passado ainda se meteu muita
carne na salgadeira. Fiz bastantes alheiras como viste. Os filhos gostam imenso
da carne do porco.
- Tenho que falar com dois ou três amigos da
aldeia para me ajudar a matar o porco.
- Fala com o Tó; com o Albino e com o teu
irmão.
- Vou falar vou, pois está a chegar o tempo
da matança!
- Até o Ti Aires te ajuda se for preciso.
- Sim mas quatro são suficientes – disse a
tom de remate o moleiro, encerrando o diálogo. Bem, vou até ao clube passar um
bocado de tempo.
- Anda comigo filho.
- Já vou pai – disse o filho mais velho.
Sem comentários:
Enviar um comentário